sábado, 31 de maio de 2014

Aposentada Arma

De minha arma nenhum disparo
Jamais a erguerei novamente
Meu sentimento será mais raro
Nenhuma munição em meu pente

Cansado, meu braço está de se erguer
Sem nenhuma mísera recompensa
Parece que jamais a irei receber
Por tentar promover minha existência

Jamais escutarão o estampido
Alto e em bom som de meu disparo
Quem sabe a luta termine sem tiro
Quem sabe eu continue solitário

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Outro Eu

Não consigo ser
Outro que não eu
Não sei me ver
Com um olhar que não é meu

Eu, que por inocência agi
Sem saber que incomodava
Nem no começo ou no fim
Apenas fui eu que lhe falava

Tão diminuto em meu ser
Me vejo em meio a realezas
Meu eu plebeu tentou crescer
E não vi tamanhas proezas

Logo eu, que alheio de tudo estava
Sem perceber, pareci muito alto
Logo eu, que de golpes me abaixava
Me vi jogado, a pouco caso, no asfalto

Tão difícil não ser apenas eu
Outra pessoa que não este
Simples, reles, plebeu
Em meio a realezas de enfeite


Ouvindo: Carly Comando - Everyday
Inspiração Original: Fernando Pessoa - Poema em Linha Reta

domingo, 18 de maio de 2014

Sorrisos Para Dentro do Coração

Serão sorrisos breves e raros
Todas nulas, as brincadeiras serão
Serão assim para mim muito caros
Meus sorrisos para dentro do coração

Pela primeira vez um sorriso
A várias pessoas incomodou
Talvez não tenha sido preciso
Para acharem que ele ostentou

Seria a seriedade um sinônimo?
De coesão, velhice e maturidade
Porque não me valer de um antônimo
para ser um sorriso de posteridade?

Serão sorrisos efêmeros e curtos
Todas nulas, as gracinhas serão
Serão assim para mim profundos
Meus sorrisos para dentro do coração

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Estou Farto

Estou farto de não poder
Nem ao menos chegar perto
As conversas limitadas do ser
Minha alma de peito aberto

Farto de não segurar sua mão
Acariciar seus cabelos lisos
Te acolher no colo e sentar no chão
Sussurrar amores, sorrisos e elogios

E assim sigo totalmente farto
De saber que você é carente também
E sozinha apaga a luz do quarto
Com medo de comigo ir além

terça-feira, 13 de maio de 2014

Olhares

Olhares que se encontram
Se recompõe e voltam a olhar
Ás vezes se desencontram
Anseio por aquele outro par

Olhares que sempre insistem
Muito sagazes para perceber
Impactantes, causam vertigem
De tão forte o ardor em meu ser

Olhares que gostariam de falar
Falar o que o brilho não diz
Aquela vontade de ser e ficar
A luz de velas branco giz

Olhares que lembram de ontem
Sai de seu recanto e dispara
Uma bala que fere quem tem
Lembranças de outra alma

Olhares que mostram mais
Um breve retrospecto de amores
Prazeres, impulsos primais
Desfeitas, cicatrizes, ardores

Olhares que gostaria de não ter
Cego diante das possibilidades
Olhares que desejo ver em você
Junto ao meu, nossas afetividades

sábado, 10 de maio de 2014

Saudosas Pegadas na Areia

Vou caminhando sozinho junto ao mar
Meus passos na areia marcados firmes
O sol que não esquenta meu respirar
A brisa inexistente como nos filmes

Aos meus olhos tudo é cinza e chato
Com você era tão colorido e legal
Nem mesmo meu amado artesanato
Nem mesmo o sabor da água de sal

Nada me faz aprender a conviver
Com a constante dor de lembrar
O cotidiano por vezes me faz esquecer
Mas quase sempre me pego a recordar

Vejo minhas pegadas atrás de mim
Imagino a suas pequenas comigo
Mas sozinho hoje sigo sem um fim
Sem um teto, sem um abrigo

Por vezes vejo pegadas por perto
Mas que nunca se aproximam de mim
Estou aqui a caminhar de peito aberto
Saudoso de pesar por você não estar aqui

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Te Observo

Quão complicado seria descrever
Qualidades tão simples ou complexas
Completamente mutável em seu ser
Embora não sejam nada desconexas

Poderia falar de qualidades visíveis
Ou, como prefiro, as que estão dentro
Meus olhos ainda tão sensíveis
Diante de tão formoso monumento

Será que crio muitas expectativas?
Sei que hoje não me decepcionaria
Tantas tristezas, humildes e altivas
Bravo tormento, pacífica calmaria

Te observo e vejo um raro prisma
Seus ângulos indiretos e irregulares
Cada raio de luz em suas facetas cisma
Em ser diferente, ímpares, sem pares

Quem sabe um dia irei conhecer
O que observei e ainda observo
Passaria todos meus dias a te ver
Apenas para nunca te entender

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Apenas Por Ser Você

São breves sorrisos que dou com você
Me fazem melhor, me fazem esquecer

Quantas músicas mal tocadas já enviei
Vendo em ti algo que jamais esperei

Vi em teus olhos um pouco de tudo
Sentei ao seu lado sem medo do escuro

Contigo eu até esqueci de sofrer
Esqueci de lembrar, esqueci de morrer

Em cada piada sem graça que contamos
O tempo acelera e quase não notamos

Deste colchão macio que me deito agora
Só me resta o receio de que vá embora

Agradeço por ser você em minha existência
Potencializadora, sem nenhuma incogruência

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Incongruentes Devaneios Desconexos

Empíricos devaneios fantasiosos
Me assolam com carinho sutil
Acrescentam ao sair vagarosos
De meus dedos, meus olhos a mil

Calorosas ideias congeladas
Se moldam durante o desfalecer
Juntando as fatias separadas
Completando meu eterno desfazer

Rubros pensamentos negros
Emergem enquanto retraem
Mostrando sua força que esconde
Sentimentos cheios que se esvaem

Ó grande dor que me aconchega
Porque bate assim tão levemente?
Vejo luzes tão fortes que me cega
Sou eu culpado de ser inocente?

Perdido, me acho sem saber o que vem
Sem reações, me apoio em meus reflexos
Tento desconhecer o que conheço muito bem
estes incongruentes devaneios desconexos